Educação Infantil e alfabetização: formação socioemocional

O valor da convivência para as crianças: aprendendo a partir da diferença

Por Alessandra Latalisa, Rúbia Oliveira e Márcia Assis  |  11 de novembro de 2021

Em nossa escola, visamos o desenvolvimento da criança de forma integral, proporcionando experiências nas quais elas possam construir seu conhecimento a partir das suas ações e interações. 

Por excelência, a escola é um espaço de convivência. Cada criança traz para o grupo suas características, ritmos, vontades, habilidades, temperamento, idade, gênero etc. Juntas, formam um coletivo  heterogêneo. Levar em consideração essa diversidade e garantir os direitos de aprendizagem e desenvolvimento da criança contemplados na BNCC - conviver, brincar, participar, explorar, expressar e conhecer-se - é acolher, validar e favorecer aprendizagens no interior da cultura de pares.

Nesse sentido, a BNCC traz contribuições importantes quando ressalta que as crianças constroem percepções e questionamentos sobre si e sobre os outros, tornando-se seres individuais e sociais à medida que vivem suas primeiras relações na família, na instituição escolar e na coletividade. Ao cuidar de si, do outro e do ambiente, constroem sua autonomia por meio de pequenas ações independentes. Isso contribui para a formação e favorece a vivência das habilidades socioemocionais. 

A comunicação, a criatividade, a colaboração e a noção de responsabilidade podem ser desenvolvidas desde a infância,  porém dependem de um contexto que proporcione a participação da criança em algumas escolhas, resolução de conflitos e situações de diálogos mediadas por profissionais competentes, críticos e com clareza de suas intenções pedagógicas. A reflexão da professora deve ser constante e com intervenções que contemplem a pluralidade cultural. 

Na Educação Infantil,  as linguagens são muitas e múltiplas e os saberes da criança são revelados pelo brincar, pelo cuidar, pela arte e pela literatura.

O trabalho com a linguagem na Educação Infantil do Grupo Balão Vermelho é perpassado por essa perspectiva. Para Vigotski (1998), a aquisição da linguagem pela criança ocorre por meio das interações com o ambiente, no interior do convívio com outros. Desde o nascimento, o bebê está em constante interação com os adultos, que, além de assegurarem sua sobrevivência, fazem a mediação na  sua relação com o mundo, inserindo-o na cultura, atribuindo significado às suas condutas e aos objetivos que delas fazem parte. Nas palavras de Souza (2016, p. 18), “[...] é na linguagem e pela linguagem que a criança se constitui para si, para o outro e para o mundo da cultura”.

Nesses espaços lúdicos, os jogos de linguagem, as cantigas, os poemas, as histórias e os relatos dão forma às culturas do escrito vividas pelas crianças. A exploração das suas diversas manifestações promove familiarização com as práticas sociais de leitura e escrita e são realizadas desde a chegada das crianças ao Balão.

A linguagem verbal é concebida como a criação ou reconhecimento de "situações de interlocução". Fala e escrita instituem modos de interação das pessoas consigo mesmas e com os outros e, portanto, são constitutivas dos seres humanos. 

É nesta perspectiva  que o processo de alfabetização em nossa educação infantil se faz presente. O trabalho com as crianças no Balão acontece de forma a estimulá-las e oferecer-lhes possibilidades ricas de acesso à linguagem escrita. Não se trata de classificá-las e exigir que todas tenham conhecimentos iguais e que terminem esta primeira etapa da educação  no mesmo patamar de compreensão.

Assim, reconhecendo seus diferentes ritmos e interesses, acompanhamos de perto as crianças em seus percursos de construção de conhecimentos sobre a escrita e o seu funcionamento, seu modo rico e original de elaborar hipóteses; em que contrastam, comparam, reformulam, descartam, negociam sentidos, buscam novas lógicas a fim de progredir em seus processos de alfabetização.

Para isso, no cotidiano, propomos diferentes situações de leitura e escrita para cumprir variados propósitos. Escrevemos rotina, listas dos nomes, placas, etiquetas, notícias, estudos, contos, regras de brincadeiras, instruções, receitas entre outros gêneros discursivos. Fazemos isso para identificar e organizar o cotidiano, registrar, informar, regular ações e comportamento,  expressar opiniões e sentimentos, apoiar a memória, comunicar-se a distância, apreciar a linguagem literária, brincar, aprender a escrever...

Ao deparar com um mural, por exemplo, além das produções de outras crianças, elas encontram etiquetas identificando-os, placas informativas, imagens referentes ao trabalho e legenda.

Assim, a meninada lida com esse universo desde o momento em que entra na escola. Essa  diversidade de experiências contribui para que comecem, aos poucos, a levantar hipóteses e a desenvolver a compreensão do sistema de escrita.

Para tanto, aqui no Balão acompanhamos, estimulamos, intervimos e promovemos o desenvolvimento e aprendizagem sobre os diferentes objetos de conhecimento e isso incluiu a linguagem escrita.

  Desse modo, buscamos criar alternativas curriculares que dão centralidade às crianças, às suas experiências e aos significados por elas atribuídos. Compreendemos que o seu desenvolvimento e as suas aprendizagens ocorrem em interação com os meios físico, social, cultural e natural. São práticas pedagógicas que reconhecem a criança como construtora de conhecimentos, de saberes e da cultura, tanto infantil quanto de outros grupos geracionais. 

Gostou de saber sobre Educação Infantil e alfabetização: formação socioemocional? Então aproveite para entender melhor sobre como o ensino através de projetos promove a construção de pensamento crítico?