Bullying: de novo, só o nome!

Por Sérgio Porfírio Diretor do Grupo Balão Vermelho  | 15 de março de 2022

 

Um assunto recorrente de grande importância é o bullying nas escolas.  A grande preocupação dos educadores, da educação infantil ao ensino médio, está para além da dificuldade de aprendizagem dos estudantes que podem passar por essa situação, mas procurar uma forma efetiva de combater o bullying. Este texto propõe uma reflexão acerca deste fenômeno que, de novo, só tem o nome.

O Brasil apresenta uma variedade de etnias e religiões e um dos maiores desníveis socioeconômicos do mundo. Isso aponta a necessidade de uma formação docente voltada para o atendimento à diversidade. Ademais, um dos principais estereótipos da população brasileira é a espontaneidade e o jeito informal de tratamento, o que dificulta o entendimento do bullying em nosso país. Enquanto alguns pensam que qualquer brincadeira ou conflito pode ser um caso de bullying, outros pensam que o assunto é “bobagem”, que não passa de brincadeira e modismo. Os dois lados demandam reflexão. 

A diferença entre bullying e as brincadeiras típicas feitas entre crianças e jovens está pautada em alguns indícios peculiares, como a repetição, a intencionalidade e o desequilíbrio entre agressor e vítima, o que nos leva a pensar em uma relação de poder assimétrica e consciente, diferente de simples brincadeiras.

Podemos verificar um perfil típico dos que cometem, dos que sofrem e também dos que assistem ao bullying. Os sinais mais atrativos para a eleição das vítimas variam entre timidez, bons resultados acadêmicos, classe social diferente da maioria dos colegas, ou algum traço físico mais evidente.  Já os agressores, podem ver a violência de forma positiva, serem discriminadores e intolerantes e apresentar, dentre outras características, impulsividade, exaltação, dominação e dificuldades para seguir regras. 

Não se deve desconsiderar que aqueles que testemunham as ações também sofrem e apresentam algumas reações típicas como o medo de que o mesmo aconteça a eles e a recusa em ir à escola. Além da desconfiança nos adultos pela falta de intervenção ou a mesma feita de forma inadequada, e o sentimento de culpa por não encontrar a maneira correta de lidar com a situação.

É necessário que os pais e os responsáveis entendam que a prevenção de qualquer forma de violência deve começar na família. Afinal, é nela que a criança, nos primeiros anos de vida, se espelha para o convívio em sociedade. Geralmente as famílias, que permitem que os filhos sofram ou assistam a atos de qualquer tipo de violência, potencializam nas crianças o perfil de promovedores ou sofredores de bullying.

É imprescindível que os familiares observem o comportamento das crianças, conversando e promovendo momentos de convivência capazes de sinalizar qualquer tipo de comportamento inadequado. Caso isso aconteça, a escola precisa ser imediatamente contatada, e, por sua vez, firmar parceria com os pais das vítimas e dos agressores, formando uma rede de formação psicológica e de amparo às partes.

É fundamental que o assunto seja tratado com muita transparência entre profissionais e famílias. Qualquer vestígio deve ser escutado com atenção! Projetos e aulas que trabalhem a socialização, a convivência com o diferente e o senso de responsabilidade social, proporcionam aos alunos momentos reflexivos e contribuem efetivamente na prevenção de ações antissociais. Os profissionais envolvidos com educação devem ser preparados para a intervenção e o encaminhamento do assunto, que deverá ser debatido em reuniões. 

O combate ao bullying, portanto, deve ser ininterrupto e feito por meio de ações preventivas. Os professores e as professoras, sobretudo, precisam ter um olhar que vai além do pedagógico e comportamental, um “olhar emocional”, pois o bullying pode causar sofrimentos diversos, dos mais brandos até a depressão profunda.

 

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